As técnicas de mapeamento de perigo foram desenvolvidas durante quatro anos, por pesquisadores em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a metodologia para mapear áreas de perigo geológico já foi aplicada em cinco municípios do estado de Santa Catarina. São eles: Rio do Sul, Guaramirim, Braço do Norte, Herval d’Oeste e Santo Amaro da Imperatriz. Diferentemente das Cartas de Suscetibilidade e da Setorização de Risco Alto e Muito Alto, este método representa um avanço na área de Geologia Aplicada, pois evidencia o grau de atingimento a ser provocado em caso de deslizamentos planares e rotacionais, queda de blocos e fluxo de detritos baseando-se em parâmetros geológicos, geomorfológicos e estatísticos.
Com isso, autoridades, gestores públicos, profissionais do setor privado, sociedade civil e a comunidade acadêmica contam com um diagnóstico para facilitar a tomada de decisão no gerenciamento do perigo e do risco. Esse produto cartográfico, portanto, pode ser utilizado para: orientar a elaboração dos planos de contingência e a emissão de alertas nas comunidades em risco; auxiliar na gestão territorial e políticas de uso e ocupação do solo; orientar as propostas de expansão urbana dos municípios em locais seguros; e, por fim, nortear a implantação de obras preventivas ou de reabilitação nos locais prioritários a fim de se evitar a formação de novas áreas de risco.
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Alertas e Desastres Naturais (CEMADEN), em fevereiro de 2019, ocorreu uma precipitação acumulada de 206,2mm/48h, em Guaramirim. “Como consequência, 31 deslizamentos planares atingiram o perímetro urbano do município. Cerca de 89% dos deslizamentos gerados ocorreram nas áreas identificadas nas cartas de perigo”, destaca o coordenador executivo do projeto e pesquisador em Geociências da CPRM, Thiago Dutra.
O trabalho dos geocientistas consiste em levantar informações de aspectos morfológicos do relevo, demográficos e temáticos; definir áreas de estudo a partir do plano diretor municipal; e realizar análise de perigo no escritório e no campo.
Mapeamento de perigo
Cerca de 20 pesquisadores atuaram na elaboração do Manual de Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa, que foi idealizado no âmbito do acordo de cooperação técnica internacional firmado pelo Brasil com o Japão para Fortalecimento da Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Riscos em Desastres Naturais (Projeto GIDES), no período de 2014 a 2017.
Estudantes de graduação e pós-graduação inclusive já utilizaram este método para desenvolver trabalho de conclusão de curso e dissertação de mestrado. No mês passado, o Departamento de Gestão Territorial promoveu um workshop no Escritório do Rio de Janeiro para debater pesquisas realizadas neste sentido, com o objetivo de continuar aprimorando a metodologia estabelecida no Manual.
No segundo semestre deste ano, a equipe técnica da CPRM executará etapas de campo em Ilhota (SC) e Ouro Preto (MG). Em 2020, Paraupebas, no Pará, também será mapeado. Além da disponibilização dos relatórios, mapas e dados vetoriais (SIG) no RIgeo (Repositório Institucional de Geociências do Serviço Geológico do Brasil), os produtos estão acessíveis pelo site (www.cprm.gov.br).
“Ao longo do mapeamento das cartas de perigo, a metodologia desenvolvida em cooperação com as instituições japonesas pôde ser aplicada pela primeira vez no Brasil. Na ocasião, foram avaliados os critérios topográficos de identificação, regras de delimitação para definir o atingimento dos processos e as correlações entre as feições de instabilidade presentes no terreno e a qualificação de Perigo. O resultado foi frutífero. Tivemos a oportunidade de correlacionar o mapeamento em um dos municípios com um evento ocorrido em Guaramirim. A experiência adquirida pela equipe permitirá o aprimoramento da próxima versão do manual de Perigo e Risco, prevista para 2020”, acrescenta o geólogo Thiago Dutra.
Acesse aqui as cartas de perigo publicadas.