Deparamos hoje em uma discussão ao nível mundial sobre as questões do desenvolvimento sustentável. Ratificamos sempre a importância do ambiente na qualidade de vida na Terra, enaltecendo a necessidade sempre de conservação e preservação para a perpetuação dos recursos naturais e, assim, podermos desfrutar dos mesmos no longo prazo.

Quando discutimos as questões das mudanças globais e os impactos ambientais, é importante salientar que o homem se relaciona diretamente com o ambiente, desde seu assentamento para atividades sociais, até a exploração econômica para sua sobrevivência.

Nesta perspectiva, proponho aqui uma reflexão sobre o peso da influência do ambiente na constituição e organização da sociedade.

Em um trabalho desenvolvido no município de Itaobim(MG), me chamou a atenção a estruturação em termos do ambiente geológico e geomorfológico (formas do relevo), que divide o território municipal em duas realidades distintas. O limite geográfico é o Rio Jequitinhonha. Ao norte de Itaobim, temos a sub bacia hidrográfica do Rio São Roque e na porção sul a sub bacia do Rio São João.

Falo primeiro da sub bacia do São João. A estrutura geomorfológica é constituída por chapadões rodeados de vertentes íngremes. Esta configuração dá o caráter às chapadas de verdadeiras caixas d´água, onde a água da chuva é retida e armazenada. Esta característica é responsável pela perenização dos córregos e do próprio Rio São João. Ou seja, mesmo em épocas de secas típicas da região, temos água o ano todo.

Diferente do Rio São Roque, cuja sub bacia possui córregos intermitentes, o que resulta na escassez completa de água na sub bacia em época de seca. Este fato é explicado pela ausência das chapadas nesta porção e presença de pontões graníticos, similares ao Pão de Açúcar no Rio de Janeiro. As rochas não retém água e por isso não há armazenamento para o abastecimento da sub bacia durante todo ano.

Ao sul, com a presença de água, se fizermos uma simples observação de uma imagem de satélite podemos identificar já um uso do solo mais “colorido”, voltado para a agricultura e mesmo indústria. A fruticultura se mostra presente, as propriedades são melhores estruturadas e organizadas e temos até pequenos alambiques e indústrias de polpa. A população presente nesta área tem melhores condições sociais e de desenvolvimento econômico.

Já ao norte, dado às restrições de acesso aos recursos hídricos, observamos uma limitação financeira bem mais acentuada. As propriedades praticamente não possuem atividade econômica e quando desenvolvem algo é para simples sobrevivência. Neste contexto, as famílias têm abandonado suas casas e suas terras e, se ficam, andam até 15 quilômetros para buscar água no Rio Jequitinhonha numa perspectiva muito mais de sobrevivência.

ocupaçao solo Itaobim

Fonte: Análise Ambiental Integrada Aplicada à Elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Itaobim-MG, VITORINO, C.J., 2007

Dado a esta estrutura geológica e geomorfológica dividida pelo Rio Jequitinhonha, podemos observar duas realidades sociais e econômicas dentro de um mesmo município, de uma mesma região. São regras ditadas pelo ambiente, pela geologia, geomorfologia, hidrologia, clima e outros aspectos que conduzem à ocupação humana e, assim, definem o modo de operação da dinâmica territorial, resultando nos quesitos de desenvolvimento econômico e social.

Para ler a dissertação completa acesse: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/TratInfEspacial_VitorinoCJ_1.pdf

Fonte: http://www.metro.org.br/vitorino/a-importancia-do-solo-permeavel

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