O estado do Pará acaba de ganhar uma ferramenta tecnológica que vai auxiliar no planejamento estratégico produtivo da região com análise e indicação de áreas propícias aos diversos usos da terra e tratos culturais. Os Mapas de Solos e de Aptidão Agrícola das Áreas Alteradas do Pará, elaborados pela Embrapa Amazônia Oriental e Embrapa Solos, podem ser usados para potencializar a produção, incidir na redução de riscos de produtores e investidores e servir de suporte aos governos e agentes financiadores. O produto está disponibilizado gratuitamente na internet e foi lançado hoje, em forma de catálogo, na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém.
Entre as inovações dos mapas estão a linguagem utilizada, mais simples e de fácil acesso a diversos públicos, a preocupação com a sustentabilidade e o refino nas informações cartográficas em relação aos mapas anteriormente disponibilizados, fazendo um raio-x das áreas do estado, conforme explicou o pesquisador Adriano Venturieri, coordenador do projeto e chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental.
De acordo com o cientista, o cuidado em se discutir desenvolvimento e sustentabilidade também é um dos pontos fortes na apresentação e concepção dos mapas, e por isso foram elaborados com base no recorte da área alterada do Pará, em 20,89% da extensão do estado, o que corresponde a apenas 260.681,03 km², do total de 1.247.955,381 km², conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Trabalhamos somente nas áreas alteradas, ou seja, desflorestadas, pois entendemos serem suficientes, se bem utilizadas, para alavancar o potencial produtivo e o desenvolvimento local. Mais de 70% do Pará ainda é coberto por áreas de floresta e essas áreas estão preservadas na análise dos mapas", afirma Venturieri.
A publicação apresenta 26 mapas elaborados a partir desse recorte das áreas alteradas do Pará, de acordo com dados dos projetos Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite – Prodes e TerraClass (2008 e 2012). São dois mapas com uma visão integral do estado para solos e para aptidão, e estes, subdivididos nas 12 regiões de integração administrativas do Pará. "Dividimos os mapas segundo a configuração espacial adotada pelo governo do Pará e não do IBGE, para fortalecer as bases de planejamento regional, alinhados com a política do estado, que é um dos parceiros estratégicos para o desenvolvimento da região", explica.
Outra novidade presente nos mapas é a simplificação da linguagem utilizada. Termos e referências mais técnicas foram adaptados, em especial, nos mapas de aptidão agrícola das terras, que delimitarão as áreas com as denominações de boa, regular ou não recomendada, seja para pecuária ou agricultura. Dessa forma, amplia-se o público-alvo para além de especialistas em solo, governos e agentes financiadores, agregando uma possibilidade real de dialogar diretamente com produtores rurais e toda sociedade que se beneficia do produto.
Os mapas são novos produtos resultantes do projeto Uniformização do Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal e Integração com Zoneamentos Agroecológicos da Região (UZEE-AML) e foram elaborados por meio de esforço conjunto entre profissionais da Embrapa Amazônia Oriental e Embrapa Solos.
Oferecem ainda bases científicas para desmistificar um equívoco histórico e recorrente sobre a região, que relegava a Amazônia à condição de solo pobre e sem potencialidades produtivas, ao revelar que cerca de 87% da área desflorestada do Pará está apta para agricultura ou pecuária.
Para se chegar a esses resultados, o pesquisador aposentado e bolsista do projeto, Moacir Azevedo Valente, explicou que houve um refinamento dentro de uma modalidade de mapeamento chamada de reconhecimento de média intensidade, na escala de 1.250.000. Por meio dessa escala, cada centímetro do mapa corresponde a 2,5 quilômetros de extensão, obtendo-se, então, uma visão mais apurada da área observada, revelando informações que não apareciam nas publicações anteriores. "Para esse detalhamento nas informações, foram utilizadas imagens de satélites e análises de campo", comenta.
Áreas para agricultura familiar
Entre as novidades que a nova análise desvelou está a reclassificação do Cerrado paraense, localizado do sul do Pará, região de integração do Araguaia, que anteriormente era apontada como não recomendada para agricultura. O mapa de aptidão agrícola dessa região indica que 82% da área observada é agricultável, reforçando a importância estratégica desse que promete ser um dos maiores polos produtores de grãos do Pará.
O mesmo pode ser observado em outra classificação inédita que o produto traz que é a recomendação de áreas exclusivas para a agricultura familiar, localizadas em sua quase totalidade na região de várzea do Baixo Amazonas. "Essa análise respeita a tradição local da região, até então invisibilizada e pode servir de instrumento de fomento de políticas públicas locais, resultando em benefícios diretos a essas populações", reforça Moacir Valente. Ele alerta ainda para o fato de que com exceção da indicação das áreas exclusivas para agricultura familiar, todas as demais áreas avaliadas como aptas, podem ser utilizadas por qualquer tipo de empreendimento produtivo, seja ele na escala do agronegócio empresarial ou de produção familiar.
Produção de alimentos depende da análise e qualidade dos solos
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a população mundial deve atingir o patamar de 9,6 bilhões de pessoas até o ano de 2050 e, para alimentar a todos, será necessário aumentar a produção mundial de alimentos em ao menos 60%. Se, por um lado, o solo surge nesse cenário como um dos primeiros recursos a serem usados no processo para a resolução da problemática da produção de alimentos, por outro verifica-se que a área de solos férteis no mundo é limitada e encontra-se sob constante pressão.
Na região Amazônica, essa pressão é ainda maior, pois é nela que está abrigada a maior floresta tropical do mundo. Uma ferramenta como o mapa de solos e de aptidão agrícola surge como um instrumento técnico que mostra que é possível expandir a produção de alimentos, e consequente desenvolvimento regional, sem a necessidade de aumentar o desmatamento, como analisa o pesquisador Enio Fraga Silva da Embrapa Solos.
Ele argumenta que os mapas de solos da Embrapa utilizam como objeto de trabalho apenas as áreas já desmatadas da Amazônia. Com isso, não existe mapeamento nem indicação de áreas de mata e vegetação nativa. "Por meio de um maior detalhamento e maior conhecimento do recurso natural solo, consegue-se indicar com maior precisão uso das terras do estado, potencializando a produção das culturas alimentares, aumentando o retorno do produtor, reduzindo os riscos, planejando melhor toda a região", garante.
Essa segurança se dá porque o mapa de aptidão agrícola das terras faz uma avaliação física da região na qual analisa os fatores limitantes de produção que são a deficiência de fertilidade natural, a escassez ou excesso de água e ainda a facilidade à erosão e relevo acidentado, estes considerados impedimentos à mecanização.
Setor produtivo aposta na pesquisa para incrementar o desenvolvimento
A atualização dos mapas de solos e aptidão da Embrapa é esperada com expectativa pelo setor produtivo local. Para o secretário estadual de Desenvolvimento Agropecuário e de Pesca do Pará, Hildergardo Nunes, esse tipo de trabalho é a base sobre a qual se pode desenhar uma agropecuária mais moderna, competitiva e pautada na sustentabilidade. "A parceria com a Embrapa é essencial para a construção de um planejamento que resulte em salto qualitativo de desenvolvimento agropecuário no estado. Ao conhecer a aptidão das terras, é possível descer ao território e, a partir daí, desenhar polos de desenvolvimento agrícola, usar tecnologias com maior eficiência, com redução de custos e eficiência na utilização de insumos, tornando a produção mais assertiva e sustentável", afirma.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Carlos Xavier, o agronegócio se consolida cada vez mais e é esta atividade econômica que ajudará o País a alcançar estabilidade e, para isso, ele defende que é urgente o planejamento e a profissionalização da agropecuária empresarial. "Acredito que os mapas de solos e de aptidão são essenciais para fornecer ao nosso setor informações mais precisas para o planejamento das atividades. Todo negócio para ser próspero e lucrativo necessita agregar tecnologia, conhecimento. E uma iniciativa dessas, partindo da Embrapa, é fundamental para aumentar nosso nível de profissionalização", avalia.
Ele comenta ainda que o Pará apresenta uma série de vantagens em relação a outras regiões, como clima, oferta de luz e água, favoráveis ao desenvolvimento agropecuário, e que o mapa vem trazer mais segurança para investidores e toda a base produtiva local.
Organizações ligadas à agricultura familiar, setor que recebe destaque nos mapas, também esperam que a ferramenta venha auxiliar aos trabalhadores rurais. Francisco de Assis Solidade da Costa, presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri), argumenta que a ausência de acesso a informações sobre a aptidão das terras é um dos gargalos dos produtores, assim como o acesso a assistência técnica e extensão rural de qualidade. Ele avalia que a oferta de mapas com linguagem simplificada e informações sobre a agricultura familiar pode aproximar os trabalhadores do tema e promover a análise dos solos nas áreas de plantio, dando mais garantias, qualidade e renda na produção.
Os Mapas de Solos e de Aptidão Agrícola do Pará podem ser acessados gratuitamente por meio dos sites: Embrapa Amazônia Orientale Siageo
O Exército Brasileiro, por intermédio da Diretoria de Serviço Geográfico (DSG), disponibilizou as cartas topográficas produzidas para os Jogos Rio 2016 no Banco de Dados Geográficos do Exército (BDGEx).
A DSG é o órgão do Exército responsável pela construção da geoinformação do território nacional, disponibilizada a todos os brasileiros pelo BDGEx. Nesse contexto, tem demandado esforços na produção de geoinformação atualizada, priorizando as áreas do território nacional envolvidas na realização dos eventos de grande impacto, como são os Jogos no Rio de Janeiro.
Qualquer cidadão pode acessar o BDGEx, visualizando todo o acervo de cartas topográficas produzidas para o Sistema Cartográfico Nacional.
O download dos produtos mais relevantes é disponibilizado mediante cadastro no sistema. Informe-se sobre as políticas de acesso aos produtos clicando aqui e cadastre-se no BDGEx clicando aqui. Acesse o sistema como visitante clicando aqui.
Excepcionalmente no período dos Jogos, a DSG liberará o acesso a todas as cartas topográficas do acervo para download de todos os usuários cadastrados, mesmo as de 1:50.000 e 1:25.000, que exigem comprovação documental para aquisição do acesso.
Os ajustes finais estão em andamento para o lançamento do satélite de imageamento terrestre WorldView-4, da empresa DigitalGlobe. O satélite deve ser enviado pela Vandenberg Air Force Base no dia 15 de setembro.
A equipe da Lockheed Martin está completando os testes finais e check-out antes do lançamento do satélite WorldView-4. Os testes incluem o cálculo do peso e do centro de gravidade do satélite. Há também a realização de um exame completo dos principais sistemas, teste da capacidade de coletar imagens de satélite e downlinking do satélite.
Aumento na cobertura de imagens de satélite
Uma vez lançado o WorldView-4 vai dobrar a cobertura de imagens de satélite mais alta resolução do mundo da DigitalGlobe. Vai também aumentar a taxa em que ela cresce sua biblioteca de imagens de satélite em um espaço de tempo de 15 anos. O WorldView-4 irá orbitar a Terra a cada 90 minutos, viajando a 17.000 milhas por hora e capturando mais de 680.000 quilômetros quadrados de superfície da Terra por dia (19.5 terabytes). Isso é o equivalente a área ocupada pelo estado do Texas, EUA.
Com uma órbita cerca de 400 milhas distante da Terra, o satélite será lançado a bordo de um foguete. Este foguete é o United Launch Alliance (ULA) Atlas V, fornecido pela Lockheed Martin Commercial Launch Services.
A TecTerra é revenda de várias operadoras de imagens de satélite. Veja mais detalhes em nosso site e entre em contato conosco através do e-mail contato@tecterra.com.br ou pelo telefone (31) 3071-7080.
A localização exata de grupos de oito espécies de árvores nativas da Mata Atlântica foi mapeada por sensoriamento remoto na reserva florestal de Santa Genebra, na região de Campinas (SP). O mapeamento foi realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para determinar a distribuição espacial de todas as 273 árvores mapeadas, os pesquisadores analisaram imagens aéreas feitas com tecnologia de sensoriamento remoto hiperespectral. Esse sensoriamento remoto utiliza equipamentos capazes de “enxergar” além da luz visível ao olho humano e de formar imagens em alta resolução de todo o espectro eletromagnético. Isso traz detalhes sobre as propriedades físico-químicas dos materiais presentes na superfície observada, incluindo sua composição química ou bioquímica e sua morfologia.
“O levantamento de espécies arbóreas para mensuração da biodiversidade em florestas tropicais costuma ser feito por meio de trabalhos de campo, que são excessivamente dispendiosos e morosos. O mapeamento por meio de sensoriamento remoto reduz drasticamente os custos e o tempo do processo sem prejuízos à acurácia da identificação das espécies, facilitando o trabalho de conservação das árvores e da biodiversidade de toda a floresta, a começar pelo dossel florestal”, disse Matheus Pinheiro Ferreira, do Inpe. Ele é responsável pelo trabalho "Estudo da diversidade química e espectral de espécies arbóreas da Floresta Atlântica: implicações para o monitoramento por sensoriamento remoto", realizado com apoio da FAPESP.
O dossel florestal é o estrato superior das florestas, formado pela copa das árvores e que guarda a maior biodiversidade do planeta. Ele contém até 65% das formas de vida das florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura.
A precisão do mapeamento da distribuição espacial de espécies arbóreas fornece informações valiosas para ecologistas e gestores florestais. Eles as utilizam, entre outros propósitos, para localização de árvores matrizes, em torno das quais são recolhidas sementes para o trabalho de restauração florestal. Das oito espécies mapeadas, três estão em risco de extinção. Aspidosperma polyneuron, a peroba-comum, muito utilizada em carpintaria, na fabricação, entre outros objetos, de vigas, tacos e móveis pesados. Cariniana legalis, a jequitibá-rosa, considerado a maior árvore nativa do Brasil, podendo atingir até 50 m de altura e um tronco com diâmetro de até 7 m. E Hymenaea courbaril, o jatobá, cuja madeira é, junto ao ipê e ao mogno, uma das mais valiosas e negociadas do mundo.
“São árvores de grande porte e ameaçadas de extinção principalmente por terem sido muito exploradas durante a ocupação desordenada da Mata Atlântica. Além disso, a diversidade genética dessas e de outras espécies está bastante comprometida porque, no passado, os indivíduos mais robustos, com maior diâmetro, foram os mais explorados, sobrando apenas os mais frágeis”, explica Ferreira.
Também foram mapeadas as espécies: Astronium graveolens, conhecida como guaritá; Cecropia hololeuca, a embaúba-prateada, que cresce em locais já alterados, como clareiras, e é uma indicadora de alteração da floresta, ajudando na elaboração de índices de degradação da área; Diatenopteryx sorbifolia, a maria-preta, que forma maciços no interior da floresta; Croton piptocalyx, a caixeta, que apresenta rápido crescimento e, por isso, pode ser usada na restauração florestal, propiciando condições de sombreamento e biomassa necessários ao desenvolvimento de outras espécies; e Pachystroma longifolium, do tipo evergreen –que tem folhas durante todo o ano, sempre verdes.
De acordo com Ferreira, todas as espécies carecem de proteção porque a Mata de Santa Genebra, com área de 252 hectares, é uma das maiores matas urbanas do país. “Trata-se de uma importante ilha de vegetação para as cidades da região, mas vulnerável ao impacto da expansão urbana”, conta. Por conta disso, a mata foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc).
Variabilidade espectral da amostra
Os dados utilizados para identificar e mapear as espécies vieram de equipamentos que, durante sobrevoos de aeronaves onde são embarcados, medem a reflectância das folhas das árvores. Essa reflectância é a porcentagem de luz que atinge a superfície e é refletida por ela.
Um dos desafios, conta Ferreira, foi lidar com a variabilidade espectral das amostras. Isso porque árvores de uma mesma espécie apresentam folhas em diferentes estágios do crescimento.
“O grau de exatidão da identificação de indivíduos está relacionado à variabilidade entre eles – quanto maiores as diferenças, menor é a acurácia ao se identificar uma árvore como sendo de determinada espécie. Como se trata de uma floresta estacional semidecidual – que ocupa ambientes que transitam entre a zona úmida costeira e o semiárido –, existem indivíduos que perdem as folhas totalmente, outros que perdem parte e, ainda, alguns que não as perdem. Dessa forma, dentro de uma mesma área pode haver diferentes proporções de folhas nas copas”, diz o pesquisador.
Dessa forma, um indivíduo que cresça na área com maior disponibilidade de água terá mais folhas. Enquanto outro da mesma espécie, mas que cresceu na região mais seca, tende a perder as suas para poupar a água. Também a variabilidade entre as espécies teve impacto nos resultados do mapeamento. Inicialmente, o nível de acurácia foi mais elevado entre indivíduos do jequitibá-rosa do que entre os da caixeta, que apresentam diferentes níveis de queda de folhas.
Para minimizar o prejuízo causado pela variabilidade entre espécies e indivíduos os pesquisadores utilizaram dados do infravermelho de ondas curtas. A sua sensibilidade é tão alta que possibilita a detecção de outros componentes das áreas observadas, como a concentração de água, nitrogênio e fósforo.
Os resultados da pesquisa são apresentados no artigo Mapping tree species in tropical seasonal semi-deciduous forests with hyperspectral and multispectral data, de Ferreira, Maciel Zortea, Daniel Capella Zanotta, Yosio Edemir Shimabukuro e Carlos Roberto de Souza Filho. o artigo foi publicado na revista Remote Sensing of Environment. O artigo pode ser adquirido em dx.doi.org/10.1016/j.rse.2016.03.021.
A TecTerra trabalha com aquisição de dados por sensoriamento remoto através de imagens de satélite e aerofotogrametria. Entre em contato conosco través do e-mail contato@tecterra.com.br ou pelo telefone (31) 3071-7080 para mais informações.
O governo do Distrito Federal está fazendo a aerofotogrametria de lotes residenciais e comerciais da capital. O intuito é medir se a área construída dos imóveis corresponde às medidas registradas no cadastro imobiliário. A iniciativa surgiu da desconfiança de que contribuintes estariam pagando menos IPTU do que deveriam. O governo aguarda a conclusão dos estudos para pedir o recálculo dos impostos, em uma tentativa de aumentar a arrecadação.
A medida foi anunciada nesta segunda-feira (30) pelo secretário de Fazenda, João Antônio Fleury. Ele não informou prazo para a conclusão do estudo. A pasta diz que a divergência "não ocorre por má-fé", e sim, porque as pessoas fazem reformas sem comunicar ao governo.
Questionada pelo G1, a secretaria diz que não tem estimativa de quanto pode arrecadar a mais com as mudanças. O incremento no IPTU só será estabelecido "após as medições e batimentos com base nas imagens e demais materiais produzidos a partir da aerofotogrametria".
Já verificamos casos de residências que estão declarados 200 m² e, quando fomos verificar o trabalho de aerolevantamento, que já tem parte concluída, a casa tem 560m². Mandamos pessoas in loco para verificar se isso, de fato, ocorreu. Faremos um lançamento no IPTU do ano que vem, que vai gerar receita extra, também"João Antônio Fleury, secretário de Fazenda
“É um trabalho grande que estamos fazendo, de aerofotogrametria. Estamos levantando o mapeamento de imóveis do GDF, principalmente as residências, as casas evidentemente, para verificar se as áreas declaradas são, efetivamente, as áreas construídas”, explicou.
O aerolevantamento está sendo feito junto à Terracap. O órgão diz que o planejamento começou em janeiro, e o mapeamento, em março. Os dados são coletados em voo com a ajuda de um scanner e consolidados em seguida, em solo. Informações complementares são obtidas em visitas aos imóveis, se necessário.
A Terracap não soube precisar quantos funcionários estão envolvidos. Mas disse que o aerolevantamento atinge todas as áreas "urbanas e urbanizadas" de todas as regiões do DF. Segundo a Fazenda, um prazo será aberto após o fim do levantamento "para os contribuintes declararem as informações reais do imóvel, espontaneamente".
O gestor não informou prazo para a conclusão do estudo, mas disse esperar que os novos parâmetros já possam ser usados em 2017. A área total construída do lote é um dos principais parâmetros para o cálculo do "valor venal" do imóvel, que serve como base para o imposto. A área total do terreno e a idade da construção também influenciam na conta.
Caixa vazio
A medida é uma das ações anunciadas pelo GDF para reforçar os cofres públicos e sair das restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Mesmo com o aumento de impostos desde janeiro, os gastos do Palácio do Buriti com servidores permaneceram acima do permitido pela lei nos quatro primeiros meses de 2016. Isso foi comprovado pelo relatório divulgado nesta segunda.
As despesas com pessoal atingiram 47,08% da receita corrente líquida (somatório dos impostos), segundo relatório divulgado no Diário Oficial. O limite de alerta é de 44,1% e o prudencial, de 46,55%.
Em 2016, a expectativa do GDF era de arrecadar R$ 752,9 milhões com IPTU e Taxa de Limpeza Pública (TLP). O governo diz que a expectativa leva em consideração o total recolhido no ano passado com os tributos, que foi de R$ 713,2 milhões, e o atual cenário econômico.
A TecTerra realiza trabalhos de Aerolevantamento e Aerofotogrametria. Veja mais detalhes em nosso site e entre em contato conosco através do e-mail contato@tecterra.com.br ou pelo telefone (31) 3071-7080.