por Agência R2F | jul 22, 2016 | Geoprocessamento, Meio Ambiente, Planejamento Territorial, Sensoriamento Remoto
A localização exata de grupos de oito espécies de árvores nativas da Mata Atlântica foi mapeada por sensoriamento remoto na reserva florestal de Santa Genebra, na região de Campinas (SP). O mapeamento foi realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para determinar a distribuição espacial de todas as 273 árvores mapeadas, os pesquisadores analisaram imagens aéreas feitas com tecnologia de sensoriamento remoto hiperespectral. Esse sensoriamento remoto utiliza equipamentos capazes de “enxergar” além da luz visível ao olho humano e de formar imagens em alta resolução de todo o espectro eletromagnético. Isso traz detalhes sobre as propriedades físico-químicas dos materiais presentes na superfície observada, incluindo sua composição química ou bioquímica e sua morfologia.
“O levantamento de espécies arbóreas para mensuração da biodiversidade em florestas tropicais costuma ser feito por meio de trabalhos de campo, que são excessivamente dispendiosos e morosos. O mapeamento por meio de sensoriamento remoto reduz drasticamente os custos e o tempo do processo sem prejuízos à acurácia da identificação das espécies, facilitando o trabalho de conservação das árvores e da biodiversidade de toda a floresta, a começar pelo dossel florestal”, disse Matheus Pinheiro Ferreira, do Inpe. Ele é responsável pelo trabalho "Estudo da diversidade química e espectral de espécies arbóreas da Floresta Atlântica: implicações para o monitoramento por sensoriamento remoto", realizado com apoio da FAPESP.
O dossel florestal é o estrato superior das florestas, formado pela copa das árvores e que guarda a maior biodiversidade do planeta. Ele contém até 65% das formas de vida das florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura.
A precisão do mapeamento da distribuição espacial de espécies arbóreas fornece informações valiosas para ecologistas e gestores florestais. Eles as utilizam, entre outros propósitos, para localização de árvores matrizes, em torno das quais são recolhidas sementes para o trabalho de restauração florestal. Das oito espécies mapeadas, três estão em risco de extinção. Aspidosperma polyneuron, a peroba-comum, muito utilizada em carpintaria, na fabricação, entre outros objetos, de vigas, tacos e móveis pesados. Cariniana legalis, a jequitibá-rosa, considerado a maior árvore nativa do Brasil, podendo atingir até 50 m de altura e um tronco com diâmetro de até 7 m. E Hymenaea courbaril, o jatobá, cuja madeira é, junto ao ipê e ao mogno, uma das mais valiosas e negociadas do mundo.
“São árvores de grande porte e ameaçadas de extinção principalmente por terem sido muito exploradas durante a ocupação desordenada da Mata Atlântica. Além disso, a diversidade genética dessas e de outras espécies está bastante comprometida porque, no passado, os indivíduos mais robustos, com maior diâmetro, foram os mais explorados, sobrando apenas os mais frágeis”, explica Ferreira.
Também foram mapeadas as espécies: Astronium graveolens, conhecida como guaritá; Cecropia hololeuca, a embaúba-prateada, que cresce em locais já alterados, como clareiras, e é uma indicadora de alteração da floresta, ajudando na elaboração de índices de degradação da área; Diatenopteryx sorbifolia, a maria-preta, que forma maciços no interior da floresta; Croton piptocalyx, a caixeta, que apresenta rápido crescimento e, por isso, pode ser usada na restauração florestal, propiciando condições de sombreamento e biomassa necessários ao desenvolvimento de outras espécies; e Pachystroma longifolium, do tipo evergreen –que tem folhas durante todo o ano, sempre verdes.
De acordo com Ferreira, todas as espécies carecem de proteção porque a Mata de Santa Genebra, com área de 252 hectares, é uma das maiores matas urbanas do país. “Trata-se de uma importante ilha de vegetação para as cidades da região, mas vulnerável ao impacto da expansão urbana”, conta. Por conta disso, a mata foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc).
Variabilidade espectral da amostra
Os dados utilizados para identificar e mapear as espécies vieram de equipamentos que, durante sobrevoos de aeronaves onde são embarcados, medem a reflectância das folhas das árvores. Essa reflectância é a porcentagem de luz que atinge a superfície e é refletida por ela.
Um dos desafios, conta Ferreira, foi lidar com a variabilidade espectral das amostras. Isso porque árvores de uma mesma espécie apresentam folhas em diferentes estágios do crescimento.
“O grau de exatidão da identificação de indivíduos está relacionado à variabilidade entre eles – quanto maiores as diferenças, menor é a acurácia ao se identificar uma árvore como sendo de determinada espécie. Como se trata de uma floresta estacional semidecidual – que ocupa ambientes que transitam entre a zona úmida costeira e o semiárido –, existem indivíduos que perdem as folhas totalmente, outros que perdem parte e, ainda, alguns que não as perdem. Dessa forma, dentro de uma mesma área pode haver diferentes proporções de folhas nas copas”, diz o pesquisador.
Dessa forma, um indivíduo que cresça na área com maior disponibilidade de água terá mais folhas. Enquanto outro da mesma espécie, mas que cresceu na região mais seca, tende a perder as suas para poupar a água. Também a variabilidade entre as espécies teve impacto nos resultados do mapeamento. Inicialmente, o nível de acurácia foi mais elevado entre indivíduos do jequitibá-rosa do que entre os da caixeta, que apresentam diferentes níveis de queda de folhas.
Para minimizar o prejuízo causado pela variabilidade entre espécies e indivíduos os pesquisadores utilizaram dados do infravermelho de ondas curtas. A sua sensibilidade é tão alta que possibilita a detecção de outros componentes das áreas observadas, como a concentração de água, nitrogênio e fósforo.
Os resultados da pesquisa são apresentados no artigo Mapping tree species in tropical seasonal semi-deciduous forests with hyperspectral and multispectral data, de Ferreira, Maciel Zortea, Daniel Capella Zanotta, Yosio Edemir Shimabukuro e Carlos Roberto de Souza Filho. o artigo foi publicado na revista Remote Sensing of Environment. O artigo pode ser adquirido em dx.doi.org/10.1016/j.rse.2016.03.021.
Fonte: http://agencia.fapesp.br/especies_de_arvores_da_mata_atlantica_sao_mapeadas_com_sensores_remotos/23514/
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por Agência R2F | jul 5, 2016 | Aerofotogrametria, Geoprocessamento, Planejamento Territorial, Sensoriamento Remoto
O governo do Distrito Federal está fazendo a aerofotogrametria de lotes residenciais e comerciais da capital. O intuito é medir se a área construída dos imóveis corresponde às medidas registradas no cadastro imobiliário. A iniciativa surgiu da desconfiança de que contribuintes estariam pagando menos IPTU do que deveriam. O governo aguarda a conclusão dos estudos para pedir o recálculo dos impostos, em uma tentativa de aumentar a arrecadação.
A medida foi anunciada nesta segunda-feira (30) pelo secretário de Fazenda, João Antônio Fleury. Ele não informou prazo para a conclusão do estudo. A pasta diz que a divergência "não ocorre por má-fé", e sim, porque as pessoas fazem reformas sem comunicar ao governo.
Questionada pelo G1, a secretaria diz que não tem estimativa de quanto pode arrecadar a mais com as mudanças. O incremento no IPTU só será estabelecido "após as medições e batimentos com base nas imagens e demais materiais produzidos a partir da aerofotogrametria".
Já verificamos casos de residências que estão declarados 200 m² e, quando fomos verificar o trabalho de aerolevantamento, que já tem parte concluída, a casa tem 560m². Mandamos pessoas in loco para verificar se isso, de fato, ocorreu. Faremos um lançamento no IPTU do ano que vem, que vai gerar receita extra, também"João Antônio Fleury, secretário de Fazenda
“É um trabalho grande que estamos fazendo, de aerofotogrametria. Estamos levantando o mapeamento de imóveis do GDF, principalmente as residências, as casas evidentemente, para verificar se as áreas declaradas são, efetivamente, as áreas construídas”, explicou.
O aerolevantamento está sendo feito junto à Terracap. O órgão diz que o planejamento começou em janeiro, e o mapeamento, em março. Os dados são coletados em voo com a ajuda de um scanner e consolidados em seguida, em solo. Informações complementares são obtidas em visitas aos imóveis, se necessário.
A Terracap não soube precisar quantos funcionários estão envolvidos. Mas disse que o aerolevantamento atinge todas as áreas "urbanas e urbanizadas" de todas as regiões do DF. Segundo a Fazenda, um prazo será aberto após o fim do levantamento "para os contribuintes declararem as informações reais do imóvel, espontaneamente".
O gestor não informou prazo para a conclusão do estudo, mas disse esperar que os novos parâmetros já possam ser usados em 2017. A área total construída do lote é um dos principais parâmetros para o cálculo do "valor venal" do imóvel, que serve como base para o imposto. A área total do terreno e a idade da construção também influenciam na conta.
Caixa vazio
A medida é uma das ações anunciadas pelo GDF para reforçar os cofres públicos e sair das restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Mesmo com o aumento de impostos desde janeiro, os gastos do Palácio do Buriti com servidores permaneceram acima do permitido pela lei nos quatro primeiros meses de 2016. Isso foi comprovado pelo relatório divulgado nesta segunda.
As despesas com pessoal atingiram 47,08% da receita corrente líquida (somatório dos impostos), segundo relatório divulgado no Diário Oficial. O limite de alerta é de 44,1% e o prudencial, de 46,55%.
Em 2016, a expectativa do GDF era de arrecadar R$ 752,9 milhões com IPTU e Taxa de Limpeza Pública (TLP). O governo diz que a expectativa leva em consideração o total recolhido no ano passado com os tributos, que foi de R$ 713,2 milhões, e o atual cenário econômico.
Fonte: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/05/gdf-faz-mapeamento-aereo-por-suspeita-de-falha-no-calculo-de-iptu.html
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por Agência R2F | mar 15, 2016 | Geoprocessamento, Meio Ambiente, Planejamento Territorial, Sensoriamento Remoto
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Quem nunca pensou em fazer um safári pelas savanas africanas em meio à elefantes, girafas e leões? O Google Street View lançou aGoogle’s Mzansi Experience para dar esse gostinho aos usuários, sem que eles precisem sair do conforto do seu ar-condicionado. O safári foi feito no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, e permite dar uma espiadela nas paisagens africanas e seus gigantes. Dentre os animais registrados estão girafas, búfalos, rinocerontes, elefantes e até um guepardo.
A palavra “Mzansi” vem do dialeto sul-africano Xhosa, e é usada entre os nativos para se referir à toda a África do Sul. Além do Parque Nacional Kruger, o aplicativo também permite explorar outros lugares no país, como a Reserva Natural Jonkershoek, o Parque Nacional West Coast e o Jardim Botânico Nacional Kirstenbosch. Lá também estão as belas, além de praias sul-africanas e do Lions Head, ponto turístico da Cidade do Cabo, de onde é possível ter uma visão panorâmica da região.
O aplicativo Google Street View foi criado originalmente para fornecer imagens 360º das ruas da cidade, mas há muito tempo já extrapolou o âmbito urbano para registrar caminhos não asfaltados. O famoso bonequinho laranja já passeou por dentro de parques (como o Yosemite e o Parque Nacional do Iguaçu), já escalou o nevado Mont Blanc, montanha mais alta da Europa, e até já mergulhou nas profundezas do oceano para registrar cenários de vida marinha exuberante, como a Grande Barreira de Corais. Parece não haver limites para o Google Street View que a cada dia se torna menos “street” e mais mundo.



Fonte: http://www.wikiparques.org/street-view-sai-do-asfalto-e-registra-os-caminhos-de-um-safari-africano/
por Agência R2F | mar 8, 2016 | Cadastro Ambiental Rural, Geodésia, Geoprocessamento, Georreferenciamento, Imóveis Rurais, Planejamento Territorial, Sensoriamento Remoto
O mapa dos estados de Rondônia e Mato Grosso irá mudar. O anúncio foi feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após a descoberta de um "vazio geográfico" próximo ao município de Vilhena (RO). Com a nova demarcação, Rondônia ganha uma área de aproximadamente 500 quilômetros quadrados, em uma faixa de extensão de 50 quilômetros. O mapa entre os dois estados deverá ser alterado com a correção cartográfica.
Linha vermelha é a antiga demarcação; amarela é a nova divisa.
O gerente da Divisão Territorial Brasileira do IBGE, José Henrique da Silva, explica que o decreto que criou o território, que agora é Rondônia, é de 1944, e levou em consideração as tecnologias da época. Por falta de melhores mecanismos, houve um equívoco na interpretação do documento.
"Na década de 40, o Brasil não tinha um mapeamento que pudesse definir com precisão essas coisas. Esse mapeamento só apareceu quase 50 anos depois. Na década de 60 e 70 que começou o mapeamento dessas áreas. Aqui para a região Norte, esse mapeamento só foi melhorado no final da década de 1980", explica.
Segundo José Henrique, o ajustamento na linha divisória será realizado para seguir o decreto, visto que os mapas da região apresentam erros na faixa entre Comodoro (MT) e Vilhena (RO). "Vai haver uma correção na linha da divisa, em função de um equívoco do passado. Toda a metodologia de trabalho mudou a partir dos anos 2000, com o avanço de novas geotecnologias na área", ressalta.
Após várias reuniões, IBGE definiu nova faixa para Rondônia
Segundo o IBGE, desde 2013, os governos de Rondônia e Mato Grosso estão em diálogo, para definir os limites entre os dois estados. Depois de várias reuniões, com intermédio do instituto, foi definido a nova faixa em um mapa, que começa no marco zero da BR-364 e vai até a foz do Rio Tolouri-inazá.
"A estrutura territorial brasileira está presa ainda a um marco territorial da década de 40. Então, o Brasil cresceu, e essa estrutura está presa no passado. Ela tem que ser modernizada. Isso que o IBGE está tentando conscientizar os estados para que haja essa modernização na estrutura", salienta.
Conforme o IBGE, a nova área de Rondônia é predominantemente rural. A partir de abril, o instituto deve fazer o levantamento de quantas propriedades e produtores existem na região. A publicação da correção cartográfica através do novo mapa dos estaodos deve ser realizada até agosto de 2016, pelo próprio IBGE.
Benefícios
Segundo o gerente, a mudança dará melhorias ao estado de Rondônia em várias aspectos. "Melhora o Cadastro Ambiental Rural (CAR) do país, arrecadação de impostos, a questão fundiária do país, a questão da cidadania, a aplicação de recursos. Gestores, nos níveis estadual e municipal, podem aplicar os recursos sabendo em que território estão aplicando", destaca José Henrique.
O gerente salienta que o acordo entre Rondônia e Mato Grosso é uma atitude pioneira no Brasil. "Mais de 50 anos se passaram da última vez que isso aconteceu. A última foi entre Minas Gerais e Espirito Santo, na década de 50. O IBGE está negociando com os estados também", conclui.
O assessor técnico da Secretaria de Estado do Planejamento Orçamento e Gestão (SEPOG), Celino Guimarães, reitera que vários produtores prejudicados em virtude da falha na fronteira podem adquirir o CAR a partir de agora. "O produtor agrícola hoje não pode pegar um financiamento em função da falta do CAR. Uma vez resolvido a falha na divisa, será resolvido a questão do CAR. Outra questão, será a regularização das propriedades, agora pertencentes a Rondônia", afirma Guimarães.
Sem luz
O produtor rural Geraldo Pena, de 56 anos, mora há 15 anos na gleba Gavião Real, na divisa entre os dois estados. Apesar de morar a 10 quilômetros de Vilhena, a propriedade pertence, até então, ao município de Comodoro, que fica a cerca de 100 quilômetros do local. Ele conta que cerca de 40 moradores da região vivem diversas dificuldades por morar na linha fronteiriça.
Geraldo tratando das galinhas em sítio que ficava no 'vazio geográfico'
"O estado de Rondônia instalou energia elétrica e pedimos para que colocasse energia para nós, pois estava a poucos metros de nossas casas. Mas eles disseram que não podiam, pois a gente era de Mato Grosso. Está todo mundo sem luz", explica.
Além disso, ele fala da precariedade das estradas da região e problemas na compra de materiais para o sítio. "A gente comprava vacinas, veneno e outras coisas em Vilhena, depois eles não aceitaram mais. Disseram para procurar Comodoro, para que eles recolhessem os impostos. Para arrumar uma máquina para vir aqui é a maior dificuldade. Pedimos para a secretaria de obras de Vilhena para fazer uma ponte, mas eles disseram que não podiam, pois a gente era do Mato Grosso", conta. Segundo Geraldo, a mudança será benéfica aos produtores da área. "Aqui é mais perto para tudo, e poderemos ter a escritura definitiva do sitio", conclui.
Fonte: http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/03/apos-descoberta-de-vazio-geografico-rondonia-ganha-area-de-500-km.html
por Agência R2F | jan 21, 2016 | Energia, Meio Ambiente, Planejamento Territorial, Sensoriamento Remoto
Grandes impactos ambientais ocorridos no século XX e XXI, como derramamentos de óleo, rompimentos de barragens, grandes desmatamentos, incêndios florestais, o crescimento da urbanização e impermeabilização do solo, a expansão das fronteiras agrícolas, dentre outros são resultados da forma como as indústrias e outras grandes corporações, bem como os governos lidam com as questões da sustentabilidade.
A dificuldade que temos hoje é de tentar mobilizar a sociedade e o mundo corporativo em prol de ações de preservação e conservação. Temos evoluído, mas ainda falta muito. O desafio é mostrar que a prevenção através da conservação, da preservação e da mitigação são atitudes que podem gerar prosperidade no mundo empresarial e na sociedade, sobre como o ambiente pode ser um aliado na busca do lucro e do bem estar social.
Recomendo a leitura do livro “Capital Natural” de Marck Tercek e Jonathan Adams, sendo o primeiro o presidente e diretor executivo da TNC – The Nature Conservancy, uma organização não governamental que desenvolve projetos de conservação no mundo através de recursos a fundo perdido ou mesmo parcerias com grandes empresas multinacionais.
Este livro elucida em como as empresas e a sociedade podem prosperar investindo no meio ambiente, na conservação, na recuperação ambiental. Na prática, conservar recifes de corais, por exemplo, potencializará a pesca sustentável, garantindo renda para milhões de pessoas ao redor das zonas costeiras.
A conservação das bacias de mananciais de abastecimento de água otimizará o fornecimento deste recurso para grandes indústrias consumidoras, bem como para a população, no caso de abastecimento público. Uma ocupação urbana que respeite a dinâmica hídrica dos cursos d’água, preservando as várzeas de inundação evitará as enchentes nas cidades ribeirinhas.
O investimento em tecnologia na agricultura, como por exemplo, técnicas de sensoriamento remoto e o método de NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada – em português) para a agricultura de precisão diminuirá o uso de insumos agrotóxicos ou fertilizantes, otimizando a produção e minimizando os impactos sobre o solo e a água. Enfim, só lendo o livro para decifrar todos os benefícios que o investimento em meio ambiente pode trazer.
Quando nos deparamos com as tragédias ambientais, somos induzidos a concluir que os agentes diretamente envolvidos (empresas ou governo), definitivamente, consideram os processos de licenciamento, por exemplo, como uma mera burocracia, sendo que o mesmo é de extrema importância para se avaliar tecnicamente os impactos de um empreendimento e buscar a minimização dos mesmos.
Assim, passam a tratar as questões ambientais com negligência, fazendo o mínimo necessário. Não conseguem perceber que ser um aliado do ambiente pode gerar mais divisas, mais respeito da sociedade. É só uma questão de estratégia.
Fonte: http://www.metro.org.br/vitorino/estrategia-conservar-para-lucrar
por Agência R2F | dez 14, 2015 | Meio Ambiente, Planejamento Territorial, Sensoriamento Remoto, Sustentabilidade Ambiental
Após dois anos em São Paulo, desenvolvendo projetos na área de pesquisa mineral e posteriormente em energia renovável, retorno a BH e ao mercado específico das geotecnologias. Conceitualmente, geotecnologias é o conjunto de processos, métodos e técnicas baseadas no uso de tecnologia para estudos do espaço geográfico. Imagens de satélite, a cartografia digital, o geoprocessamento, o desenvolvimento de sistemas de informações geográficas, os mapas na web, os tags para localização, os aplicativos de mobilidade, o Google Earth, os equipamentos de topografia e geodésia, dentre muitos outros compõem toda a gama de tecnologia em prol da análise espacial. Numa perspectiva ambiental, estas técnicas permitem a otimização das informações do ambiente estudado e facilita a orientação do uso do solo, através da noção espacial da distribuição das atividades sobre o território.
Neste contexto, as geotecnologias possuem a capacidade: de analisar os dados geográficos; de especializar/localizar os diferentes aspectos que se queira conhecer, de permitir, mediante a superposição e outras formas de manipulação de informações geográficas, combinar dados e observar algumas de suas inter-relações, de visualizar ao mesmo tempo diferentes objetos e suas relações em um plano cartográfico; de reunir e gerenciar novas informações estabelecendo uma evolução dos problemas inerentes ao território alvo. Focaliza, primordialmente, o levantamento e análise das situações ambientais representadas por conjunto de variáveis georreferenciadas (contidas em um espaço geográfico) e integradas em uma base de dados digitais.
O objetivo principal das geotecnologias é fornecer ferramentas computacionais para que os diferentes analistas determinem as evoluções espacial e temporal de um fenômeno geográfico e as inter-relações entre diferentes fenômenos. Passa, então, a ser um meio, uma ferramenta ou mesmo técnicas para a análise integrada do espaço geográfico e seus atributos ambientais, com objetivos de se traçar planos ambientais, em qualquer esfera, onde o território passará a ter uma representatividade na forma de cartografia. Esta representação cartográfica do espaço irá auxiliar e facilitar a interpretação e leitura do ambiente e, desta forma, apoiar o poder público e as empresas na tomada de decisões e na definição de áreas prioritárias ao desenvolvimento de projetos de preservação, recuperação ou conservação ambiental.
Como dito no início deste artigo, retorno a este mercado, não somente por oportunidade profissional, mas, principalmente por acreditar que a junção do que temos hoje de tecnologias com as necessidades de uma abordagem integrada do espaço geográfico contribui efetivamente para a melhoria da qualidade de projetos relacionados à sustentabilidade territorial, através de diagnósticos precisos e definição de planos e estratégias de gestão em áreas municipais, parques, unidades de conservação, dentre outros, com níveis altos de assertividade.
Esta afinidade com o segmento das geotecnologias me permite, portanto, a retornar a minha antiga atuação em trabalhos que visam o ordenamento territorial, partindo-se do zoneamento ambiental, da elaboração de planos diretores sustentáveis, do mapeamento de áreas de risco, dos cadastros urbanos e fundiários, da criação e gestão de unidades de conservação e outros.
Considero, hoje, as geotecnologias indispensáveis para quem pretende atuar nas frentes ambientais, ainda que se tenha aplicações em praticamente todos os setores da economia e da sociedade.
Fonte: http://www.metro.org.br/vitorino/tecnologia-para-a-terra